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Rodney devolve críticas de Max

Confira os destaques da coluna publicada nesta segunda-feira (24) no jornal A Gazeta


Arte Praça Oito
Arte Praça Oito
Foto: Amarildo GZ

A coluna hoje faz uma pausa na abordagem sobre a Lava Jato pois, enquanto se materializam os desdobramentos da lista de Fachin, os embates políticos locais não cessam. Em Vila Velha, demorou, mas aconteceu: mais de 100 dias após o início da nova gestão de Max Filho (PSDB), o prefeito e o seu antecessor no cargo, Rodney Miranda (DEM), começam a discutir e a se desentender publicamente a respeito da situação herdada por Max quando assumiu.

Em eventos públicos e entrevistas, Max tem rasgado o verbo contra Rodney, alegando ter assumido o caixa municipal com R$ 8 milhões disponíveis e uma dívida de R$ 80 milhões deixada pelo demista. O prefeito já fez a mesma afirmação em pelo menos três oportunidades: em pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal de Vila Velha, realizado em março, em entrevista concedida à coluna no início deste mês e em nova entrevista, desta vez à Rádio CBN, justamente para analisar os primeiros 100 dias de mandato, no dia 12 de abril.

Por meio da coluna, Rodney enfim quebra o silêncio para responder ao adversário: “Ele anda dizendo um monte de bobagens. Está usando isso como justificativa para a sua incompetência”.

O agora secretário estadual de Serviços Urbanos analisa assim o discurso que Max tem reiterado: “Ele está fazendo isso com o objetivo de justificar a incompetência dele. Se ele não está conseguindo gerenciar a cidade na crise, e eu consegui, ele está querendo me culpar por uma coisa que não está conseguindo fazer. Essa é minha sincera opinião.”

Segundo Rodney, os números que Max tem repetido não encontram amparo na realidade.

“Pedi para meu ex-secretário de Finanças (Anckimar Pratissoli, atual presidente do IPAJM) dar uma olhada. Também olhei no Tribunal de Contas do Estado e no próprio Portal da Transparência da Prefeitura de Vila Velha. Levantamos que tivemos um superávit de R$ 34 milhões durante os quatro anos de nossa gestão, mesmo com queda de receita. Isso não foi fruto de aumento de arrecadação, e sim de economia, do bom uso de recursos públicos. Eu peguei a prefeitura quebrada, fiz meus relatórios, mandei para o TCES e toquei minha vida”, compara o ex-prefeito.

Sem precisar números, Rodney admite ter deixado uma dívida para a atual administração. “Mas era dívida anterior à minha administração, e isso já foi reconhecido até pelo TCES.”

O ex-prefeito ainda rebate críticas de Max relativas a uma área específica que costuma tirar o sossego dos moradores de Vila Velha: a limpeza de canais. Segundo o atual prefeito, o contrato de combate ao mosquito da dengue deixado pelo antecessor não previa esse serviço. “Só esqueceram de combinar com o mosquito.” Por isso, de acordo com Max, o serviço de limpeza superficial de canais foi incluído no novo contrato emergencial de limpeza e coleta de lixo, firmado pela prefeitura no dia 12 de março com a empresa Corpus (a mesma que presta o serviço em Vitória) e válido até setembro. Até lá, o prefeito pretende lançar novo processo licitatório para o serviço de limpeza e coleta de lixo na cidade.

“Ele tem falado muito de canais”, responde Rodney. “Os canais estão limpos. Deixei a saúde organizada. Deixei a educação organizada. Deixei tudo estruturadinho. Fizemos uma transição tranquila. Todas as informações que eles quiseram, nós repassamos. Mesmo depois da eleição, continuamos no mesmo ritmo de trabalho, no mesmo ritmo de entregas. Não antecipamos nada. Não fiz inauguração açodada, pela metade. O que deu para entregar nós entregamos.”

Para preservar o relacionamento administrativo com o governo Paulo Hartung (do qual Rodney agora faz parte), Max tem evitado direcionar críticas frontais ao governador, um notório ex-desafeto, ao contrário do que costumava fazer nos dois mandatos anteriores. Só que, pelo jeito o prefeito não pretende usar a mesma diplomacia em relação a seu antecessor. Rodney, por seu turno, deixa claro a partir de agora que não vai levar desaforo para casa e que, se precisar, vai responder fogo com fogo.

Um filme, enfim, que os canelas-verdes já estão cansados de ver. E que talvez não estejam dispostos a assistir novamente.

Desabafo de um cidadão

Sou conclamado a votar

Exercer minha cidadania

Convocado a exercitar

Meu papel no grande dia

“Não deixe de participar

Da festa da democracia!”

Só que agora estou a par:

São só palavras vazias

Pedem-me para votar

“Exercite a cidadania!”

Enquanto estão a usurpar,

Em acordos de coxia,

A soberania popular

Que assim perde a primazia

Eu não sabia, eu não sabia...

Mas agora estou a par:

Nada disso eu controlo

Quando, longe do meu olhar,

Estão a se embaralhar

Os doutores dos dois polos:

De um lado, o poder político

Do outro, o financeiro

E, do encontro de ambos,

Um escambo interesseiro

Do qual nascem e crescem

Lulas, Cunhas e Calheiros

Reproduzem-se os Aécios

E dominam o país inteiro

Em troca de escusos favores

A seus senhores, os empreiteiros

Os senhores verdadeiros

De um país que eu nunca quis

Dinheiro que paga poderosos

Que garantem mais dinheiro

A quem no poder os sustenta

O esquema se retroalimenta

E o interesse em comum

Passa longe do bem comum

“Participe, cidadão!

Exercite a cidadania!”

Já acreditei um dia

Mas pra mim virou piada

Quem decide a eleição

Não sou eu, é o dinheiro

De terceiros interesseiros

O resto é conversa fiada

A minha vontade é usurpada

A escolha é antecipada

E nas mãos desses comparsas

A democracia é uma farsa

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