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PDT se dá as mãos

Confira a coluna Praça Oito desta terça-feira, 28 de março


Praça oito

Reunidos das 9h às 13h desta segunda-feira (27) na Assembleia Legislativa, os 17 membros da Executiva regional ampliada do PDT tomaram duas resoluções: o partido permanece na base de apoio do governo Paulo Hartung, e o deputado estadual Josias da Vitória, um dos maiores críticos ao governo na gestão da Segurança Pública, continua na função de líder da bancada do PDT na Assembleia. Após semanas em que não andaram falando a mesma língua, os pedetistas usaram a reunião para alinhar o discurso, colar rachaduras internas e mostrar que o partido agora está reunificado no Estado.

O próprio Da Vitória confirma que a reunião teve um efeito reaglutinador. “Foi uma das melhores reuniões de que já participei nesses 11 anos em que estou no PDT. Encontrei respeito e entendimento. Todos nós entendemos que o partido é maior do que qualquer posição pessoal. Paulo Hartung sempre teve e sempre terá o meu respeito. O partido sempre contribuiu desde o início do governo, mesmo com posições divergentes, como já tive no caso da segurança pública, por exemplo. Mas essa foi uma posição pessoal, da nossa representatividade, que foi muito bem compreendida pelo nosso partido”, declarou o deputado.

Cabo da reserva da PMES, Da Vitória também comemorou o compromisso da Executiva de intensificar reuniões periódicas como a de ontem e desfiou elogios a Vidigal. “Nós não estávamos nos reunindo há muito tempo. Agora temos o compromisso de realizar reuniões periódicas. Partido forte é partido que dialoga. Essa é a ideia de todos os membros de agora em diante. Tenho verdadeira admiração por Vidigal. Filiei-me há 11 anos por causa da liderança dele. Somos mandatários que temos divergências em determinados momentos, mas nos unimos no consenso e no diálogo. Foi o que aconteceu hoje (ontem). O PDT está em boas mãos. Vidigal soube, com cautela e prudência, unificar o partido.”

Segundo Da Vitória, tanto ele como Euclério Sampaio – o outro deputado do PDT que vem adotando postura independente ao governo em plenário –, manifestaram-se no sentido de “continuar ajudando o governo”. “Minha indicação e a de Euclério é que possamos continuar ajudando o governo, mas sem interesse em indicar nenhum cargo.”

Fica, no entanto, uma dúvida: homologado pela Executiva na liderança da bancada do partido, Da Vitória terá liberdade para defender suas posições pessoais, eventualmente contrárias às do governo em algumas situações, ou terá que readequar a sua postura para poder seguir na função sem voltar a entrar em colisão com a direção estadual do PDT? Foi o questionamento feito a ele. “Nós estaremos alinhados com as posições partidárias. O partido tem isso por definição”, respondeu o colatinense. “Fico na função de líder em definitivo, até que a gente volte a discutir isso. A liderança foi decidida hoje (ontem) sem passar por discussão futura.”

Quanto a Vidigal, o presidente regional do PDT também contemporizou, mas deixou alguns recados. “O líder do partido não expressa o pensamento pessoal, e sim o do partido. Por exemplo, a gente respeita o posicionamento de Euclério e Da Vitória em relação à PM, porque aí é uma coisa isolada. Mas temos o compromisso de todos os deputados votarem em conjunto na defesa das bandeiras do partido.”

Se Da Vitória fica em definitivo na liderança? “É possível que haja mudança no momento correto. A escolha passou pelo crivo da Executiva. O que é preciso é que o nosso líder cumpra o nosso estatuto. No dia em que o próprio líder achar que não dá para defender a bandeira do partido, ele deveria se posicionar. É muito ruim esse negócio de a gente expulsar ou desfiliar alguém. O que precisa ficar muito claro é que os princípios do partido estão acima do nosso interesse pessoal. Ele está há dez anos no PDT e conhece o estatuto. Não podemos estar discutindo projeto pessoal ou de repente estar chateado com o governo e usar o partido para isso. Você não pode ir a uma tribuna e falar em nome do PDT se o partido não pensa isso.”

Ou seja, panos quentes, sim, mas até segunda ordem. A conferir.

Mudança em Vitória

A subsecretária de Comunicação de Vitória, Margô Devos, foi demitida nesta segunda-feira (27). Quem a informou da decisão não foi o prefeito Luciano Rezende (PPS), mas o secretário de Gestão Estratégica, Fabrício Gandini (PPS), a quem a comunicação da prefeitura passou a ficar subordinada.

Nova direção

Desde que a Secretaria de Comunicação perdeu esse status e foi absorvida pela estrutura da pasta de Gestão Estratégica, Margô e Gandini não vinham se entendendo muito bem. A ex-secretária não estava de acordo com o direcionamento dado à política de comunicação da prefeitura.

Theodorico ruge

Como de hábito, o deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) desceu ontem ao plenário depois que a sessão já se iniciara e ficou por pouco tempo. Mas fez estrondo. Queixou-se com o vice-presidente, Marcelo Santos (PMDB), que presidia a sessão, pelo fato de um requerimento seu ainda não ter sido incluído na ordem do dia e lido em plenário.

Antecipação de royalties

Trata-se de requerimento parlamentar para que a Assembleia apure eventuais prejuízos gerados pelo contrato de antecipação de royalties firmado no início de 2003 entre os governos estadual (Paulo Hartung) e federal (Lula). Segundo Ferraço, o Estado teria tomado prejuízo de R$ 1,4 bilhão porque o contrato não levou em conta a variação no preço do barril de petróleo (que define o volume de royalties): de US$ 12,00 em 2003, o preço chegou a saltar para US$ 140,00.

Ameaças

“Depois não me digam que agi com violência. Desejo saber se, até amanhã, será lido o requerimento. Caso contrário, me reservo o direito de tomar as providências que vou tomar. Vou ter que convocar a imprensa nacional, fazer um comício”, ralhou Theodorico. Marcelo pediu à Procuradoria para dar parecer e para o requerimento ser lido em até 48 horas.

Cena política

No início de cada sessão plenária, a 1ª secretária da Mesa Diretora da Assembleia, Raquel lessa (SDD), procede à leitura de um versículo bíblico. A escolha deve ser aleatória, mas ontem deu até a sensação de ter sido escolhida sob medida por algum servidor gaiato: “Mas se vocês se mordem e se devoram uns aos outros, cuidado para não se destruírem mutuamente (Gálatas 5:15)”, leu Raquel. Cuidado mesmo, pois ali não custa muito para alguém querer levar o conselho ao pé da letra...

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