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Eleição da Amunes: sobrou até para Temer

Veja os destaques da coluna desta sexta-feira (24) publicada no jornal A Gazeta


Charge Praça Oito  24/03/2017
Charge Praça Oito 24/03/2017
Foto: Amarildo

A eleição da Amunes, quem diria, chegou ao Palácio do Planalto e entrou pelo gabinete da Presidência da República. Incidentalmente, até Michel Temer foi tragado pela disputa entre prefeitos capixabas pelo comando da entidade municipalista. Em um intervalo de 48 horas, duas comitivas de prefeitos acompanhados dos respectivos padrinhos bateram à porta de Temer. A primeira, na última terça-feira, representando a chapa de Gilson Daniel (PV), que tem o apoio da senadora Rose de Freitas (PMDB); a segunda, nesta quinta-feira (24) de manhã, representando a chapa apoiada pelo Palácio Anchieta e liderada por Guerino Zanon (PMDB).

Na última terça, Temer recebeu três prefeitos da Grande Vitória, em agenda articulada por Rose: além de Gilson Daniel, de Viana, Max Filho (PSDB), de Vila Velha, e Audifax Barcelos (Rede), da Serra, puderam transmitir pessoalmente ao presidente os pedidos prioritários para os respectivos municípios. Max é mais independente do Palácio Anchieta, enquanto Audifax é o vice na chapa de Gilson Daniel. O retrato do encontro foi o pôster da chapa sem a digital de Paulo Hartung.

Mas a resposta da chapa palaciana não tardou. Os chefes de cinco prefeituras capixabas foram ontem a Brasília e, por cerca de meia hora, tiveram a sua vez de apresentar uma pauta de demandas municipais diretamente a Temer, no Palácio do Planalto. A agenda, dessa vez, foi intermediada pelo deputado federal Lelo Coimbra (PMDB), aliado do governador Paulo Hartung e líder da maioria na Câmara. Dos cinco prefeitos na comitiva, três estão no topo da chapa de Guerino: além do próprio, o prefeito de Cariacica, Juninho (PPS), vice na chapa, e o de Ibatiba, Luciano Pingo (PMDB). Precisa dizer mais o quê?

Assim, na derradeira semana antes da votação pelo comando da Amunes, marcada para a próxima terça-feira, os dois lados buscaram mostrar força e capacidade de articulação com a esfera federal em defesa de pautas municipais. A de Guerino, contudo, é a que aparenta maior consistência no câmbio de hoje.

Bom lembrar que ontem, fim do prazo para desistências individuais, nenhum dos dois lados “bateu chapa”: nem Gilson Daniel nem Guerino chegaram a este ponto do processo com os 22 nomes necessários para disputarem a eleição. As situações, porém, são opostas: asfixiado pelo Palácio, Gilson Daniel pena para se manter vivo no páreo. Ontem, após amargar uma deserção em bloco – nada menos que 11 desistências –, o verde ficou com a chapa enfraquecida e esvaziada, literalmente reduzida à metade.

Já a de Guerino conta com 21 componentes. Quem retirou o nome na última hora, gerando surpresa momentânea, foi o prefeito de Santa Teresa, Gilson Amaro (DEM). Só que o movimento foi friamente calculado e combinado com Guerino, como ambos depois confirmaram. Gilson Amaro abdicou de sua vaga na chapa de modo a abrir espaço para uma composição com o xará de Viana.

A ideia é abrigar o próprio Gilson Daniel ou algum dos aliados deste na chapa liderada por Guerino. Em qualquer cargo, menos no de presidente, do qual Guerino não abre mão de jeito nenhum. “Estamos dispostos a acolher qualquer outro membro da outra chapa. Mas não na presidência. Eu vou disputar”, afirma o prefeito de Linhares, que se diz disposto a dialogar pessoalmente com o oponente.

Agora, as duas chapas têm até a próxima segunda para a substituição dos desistentes. É o prazo fatal. “Na segunda a gente bate o martelo: a chapa que estiver completa se registra”, diz o atual presidente da Amunes, Dalton Perim (PMDB). Mas Guerino recorda que, até o início da votação, pode haver a renúncia coletiva dos membros de uma chapa.

Como se nota, de Vitória a Brasília, a guerra de nervos está instaurada. E deve se intensificar neste fim de semana.

Casagrande em cena

Produzidas pela marqueteira Jane Mary Abreu, as inserções do PSB-ES passam a ser exibidas hoje, tendo como protagonista Casagrande, que andava bem sumidão. No texto, o ex-governador reconhece a necessidade de ajuste fiscal, mas busca se diferenciar de Hartung, colando no adversário, de modo indireto, a pecha de tecnicista. “Quando falta dinheiro, é preciso conversar ainda mais. Quando o conflito se estabelece, é preciso sair do território frio do racional para falar a linguagem universal do coração.”

Conceitos

Casagrande fala em “participação popular, diálogo permanente e responsabilidade fiscal com promoção humana”.

Alinhados

Sobre os motivos que os levaram a Brasília, Juninho e Guerino Zanon mostraram discurso alinhado, buscando fixar o diferencial da pauta que apresentaram a Temer – segundo ambos, mais abrangente e “municipalista” do que a levada pela comitiva integrada por Gilson Daniel, na última terça-feira. “Fizemos algumas demandas com o pensamento geral dos municípios. Não foi algo só particular para cada prefeito”, disse Juninho. “Só tratamos de assuntos relacionados a interesses do Estado e que envolvem todos os municípios”, emendou Guerino.

Pero no mucho

Faltou alinhar melhor o discurso quanto ao momento em que foi solicitada a reunião. Guerino afirmou que já havia pedido a Lelo que a viabilizasse há dez dias. Já Juninho disse o seguinte: “O Guerino, ao saber da visita dos prefeitos da Grande Vitória esta semana, pediu ao Lelo para mediar uma conversa”. Ou seja, ou a agenda de Lelo foi em reação imediata à de Rose, ou de fato o deputado já articulava isso com o Planalto, mas Rose se adiantou a ele na última terça-feira.

Cena Política

Temer tem se especiaizado em cometer gafes e fazer declarações estranhas. Até agora, pelo menos, não chegou a saudar a mandioca. Ontem, no entanto, foi obrigado a saudar o jiló. Trata-se do prefeito Giló (PMDB), de Mimoso do Sul, que integrou a comitiva de prefeitos capixabas juntamente com os de Linhares, Cariacica, Ibatiba e Jerônimo Monteiro.

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