Gabriel Tebaldi

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Os sinais de ontem

Confira a coluna Outro Olhar deste sábado, 29 de abril


Outro olhar
Outro olhar
Foto: Editoria de Arte

Quando uma minoria consegue silenciar uma cidade e bloquear a passagem de centenas de milhares de pessoas; quando o governo assiste passivo o cerceamento do direito de ir e vir de seus contribuintes; quando a ação da polícia de desobstruir vias é vista como truculência, é sinal de que um povo cidadão tornou-se refém.

Quando o dia 1º de maio é segunda-feira e se resolve emendar também a sexta; quando falsas bandeiras são empunhadas por quem nada sabe verdadeiramente sobre trabalho; quando uma reforma necessária - que precisa de ajustes - é vulgarizada para gritos em megafone, é sinal de que a ignorância tornou-se a regra do jogo.

Quando sindicatos pelegos reúnem gatos pingados nas ruas dizendo representar a todos; quando os discursos são tão previsíveis quanto desprezíveis; quando a real motivação do protesto é o fim do imposto sindical obrigatório que secará as mamas de categorias, é sinal de que ainda damos muita atenção a quem sequer merece ser levado a sério.

Quando o comércio é obrigado a novamente fechar as portas; quando profissionais diaristas somam mais um dia sem renda ou trabalho; quando a economia já assolada pelo desequilíbrio da esquerda é agravada pela inconsequência manifestante; quando os prejuízos de determinados protestos são grosseiramente maiores que os ganhos que proporcionam, é sinal de que a suposta “luta coletiva” não passa de uma desculpa oportunista.

Mais uma vez foi dito que se ia parar o Brasil. E o que vimos nas ruas do Espírito Santo foram movimentos mesquinhos, ridículos, vazios, isolados, incapazes de olhar para o lado e perceberem-se sozinhos. Vivemos o atestado de óbito dos sindicatos que gritam diante de sua própria irrelevância e padecem por sua própria limitação intelectual e estratégica.

O que vimos foi mais do mesmo: um povo refém, a ignorância ditando regras, um cheiro de mofo saindo dos discursos, prejuízos incalculáveis, oportunismo e claras confusões mentais. Nada de novo; nenhuma surpresa; apenas a vergonha nossa de cada dia.

Gabriel Tebaldi é graduado em História pela Ufes

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